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REVIGORAR 

Uma nova concepção para a vida noturna

E se as cidades não precisassem de suas 8 horas de sono diários? A venezuelana Andreina Seijas acredita que é através da ocupação urbana que há o florescimento da economia e da cidade

DEISA ROCHA

5º Semestre

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A ocupação urbana atua para revigorar a economia e a própria cidade (Foto: Deisa Rocha)

Refletir sobre o contexto socioeconômico que estamos vivenciando se faz necessário, não apenas para compreendê-lo, mas também para imaginar novas realidades, melhores e mais democráticas.
Presenciamos uma época que necessita de pessoas que orientem seu olhar para os temas sociais, e
que se disponibilizem a doarem um pouco mais de si em busca de mudanças pelo bem da sociedade e
do meio-ambiente.


Andreina Seijas é uma dessas pessoas. A venezuelana formada pela Escola de Design da Universidade de Havard, teve uma ideia um tanto inusitada, beirando a um paradoxo. Quem sabe influenciada pelo ritmo da capital nova-yorkina, “a cidade que nunca dorme", Andreina imaginou esse proverbio se aplicando á outras capitais, principalmente as latino-americanas. Em outras palavras, Andreina idealizou cidades funcionando 24 horas.

A iniciativa de Andreina, oficialmente nomeada por “Cidades Emergentes e Sustentáveis ", foi financiada
pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma instituição que incentiva a promoção de
medidas visando o bem-estar social, através do desenvolvimento dos menos privilegiados, e também,
questões envolvendo sustentabilidade e preservação do meio-ambiente.


Após estudos e experiências praticas com o projeto, Andreina se deparou com resultados satisfatórios,
tanto economicamente quanto socialmente. Para ela, o “Cidade 24 Horas", não apenas estimularia o
comércio, como também icentivaria a ocupação da cidade pela população, podendo reduzir a
criminalidade e criando um sentimento de pertencimento e afeto pela população pelo lugar onde vive.

Megalópoles como Londres (Inglaterra) e Sidney (Austrália), aderiram a iniciativa e passaram a aplicá- la. O resultado, na Austrália, foi a geração de 27 mil novos postos de trabalho e a geração de uma receita de 200 milhões na economia australiana. Para isto, como se fez em Sidney, é necessário pensar politicas publicas para possibilitar a ocupação noturna na cidade.

Deísa Rocha: COMO SURGIU O PROJETO?
Andreina Seijas: Minha investigação sobre as cidades noturnas surgiu há 10 anos, quando ainda
morava na Venezuela. Começou como um hobbie, e agora é o foco da minha tese de doutorado na
Universidade Havard.


DR: DO QUE TRATA  SUA PESQUISA DE DOUTORADO?
AS: Meu foco principal é na a América Latina, porém, quero fazer comparações entre latitudes
diferentes. O foco da minha pesquisa são as regulamentações noturnas, como toques de recolher e distribuição de licenças de alcool. Estou interessada em entender o impacto dessas regulamentações na qualidade de vida e na convivência noturna.


DR: QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA REALIZAR O CONCEITO DAS CIDADES 24 HORAS? 

A visão reducionista que associa a ideia do funcionamento noturno das cidades a temas como festa e consumo de alcool. A ideia de uma cidade noturna/24 horas abarca muito mais do que isto. O trabalho noturno e o desenvolvimento da indústria criativa, como a área musical, são temas inclusos no projeto.


DR: QUAL É O RETORNO PARA A ECONOMIA QUANDO UMA CIDADE FUNCIONA 24 HORAS?
AS: São muitos números. Em meu site há um apanhado sobre isso. Segundo estudos da empresa britância London First, a implementação do cidades 24 horas em Londres, proporcinou uma subida na geração de empregos e, como Seijas disse acima, o crescimento econômico foi além do ramo de festas, pois impactou também em outros setores de serviços, como os de assistência social, construção civil, varejo e dentre outras.


DR: QUAIS SÃO AS VANTAGENS DE UM MERCADO NOTURNO NO QUE SE REFERE À POPULAÇÃO?
AS: O comércio noturno não é apenas uma fonte adicional de renda para a cidade, é também uma fonte de empregos. Além disso, os mercados noturnos promovem a apropriação do espaço público à noite, o 
que ajuda a promover uma maior sensação de segurança e um sentimento de pertença.

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Legenda: Andreina é uma das pesquisadoras do Cidades 24 Horas (Foto: Divulgação)

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