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MERCADO DOS PEIXES

Economia criativa impulsiona vendas 

Além da frequência de viajantes e moradores, o equipamento se destaca como um ponto de turismo

Paulo Victor

5º Semestre

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Mercado vai passar por melhorias infraestruturais em 2018, última requalificação foi em 2016 (Fotos: Paulo Victor)

Imagine a combinação de um local onde se pode comprar crustáceos, com preços mais em conta, e ainda ter a opção de fritura no próprio estabelecimento. Isto aliado a uma bebida gelada e a vista de um cenário natural. É a descrição mais fiel do Mercado dos Peixes, na Avenida Beira Mar.


Mas não só do peixe o mercado vive. O espaço é aproveitado também por ciclistas e corredores de rua que, no momento da pausa para se hidratar, apreciam a bela vista do amanhecer no calçadão.


Outros aproveitam o passeio pela orla mais turística da cidade e já voltam para casa com o pescado comprado. É o caso da advogada Maria Holanda, 56, que estava andando de bicicleta e aproveitou para fazer compras do peixe para a semana. Para ela, o atendimento e a boa condição do tratamento do peixe a tornam cliente fiel de um dos boxes. “Eu compro aqui por conta da comodidade, do peixe ser fresco e do ótimo atendimento. Para mim é perfeito”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O mercado sofreu modificações nos últimos anos. Em 2015, de forma provisória, os donos dos boxes foram realocados para a metade da avenida, em estruturas de contêineres, enquanto o atual era construído. O comerciante Gustavo Pereira, 42, dono de um dos boxes há 20 anos, diz que o negócio é passado de geração a geração e que a infraestrutura melhorou bastante desde o início do equipamento.


Segundo Ivanilde Pinheiro, Secretária Municipal do Turismo de Fortaleza (Setfor) a obra de requalificação da Beira Mar vai contemplar na mudança do acondicionamento do lixo, que vai passar a ser usado em lixeiras subterrâneas no Mercado dos Peixes. A obra está sendo gerida pela Secretaria de Infraestrutura do Município.


Hoje o mercado é conhecido pela praticidade de disponibilizar, no mesmo espaço, a opção de compra e fritura do pescado, mas no início o espaço não possuía esse tipo de opção. Os restaurantes no entorno cobravam muito caro, ou não aceitavam fritar mariscos vindo dos boxes. Foi com essa percepção de economia criativa, que Luís Vitoriano, 65, atual presidente da Associação do Mercado dos Peixes, teve a ideia gastronômica de abrir um boxe só com frituras de crustáceos.


Segundo Luís, a motivação surgiu a partir de clientes que pediam para ele fazer frituras na chapa industrial. “Antigamente as minhas vizinhas dos boxes vendiam tira-gosto e eu vendia lanches numa chapa de sanduíches. O pessoal dizia para torrar um camarão. Um dia testei com manteiga da terra, e assim fazemos até hoje”.


 

 

 

 

 

 

 

Para o atual presidente da Associação, desde 1987 até a atual estrutura houve muitas melhorias. Ele destaca que a única reivindicação a se fazer é o sistema de drenagem dos boxes, que rotineiramente fica entupido e gera mal cheiro sentido por comerciantes e clientes. Além da construção de uma casa de lixo, ou seja, um local adequado para descartar o material inapropriado produzido pelos boxes.


A avenida Beira-Mar vai ganhar obras de requalificações em 2018, e vários equipamentos no entorno vão passar por modificações. O mercado não vai ficar de fora: estão previstas melhorias também no equipamento, “As manilhas colocadas na tubulação da Beira-Mar são muito antigas e, com a chegada dos novos prédios na avenida, muitos litros d’água passam no encanamento e acabam transbordando. Espero que com essa nova requalificação da avenida isso seja resolvido” é a expectativa de Vitoriano.


Segundo Ivanilde Pinheiro, Secretária Municipal do Turismo de Fortaleza (Setfor) a obra de requalificação da Beira Mar vai incidir na mudança do acondicionamento do lixo, que vai passar a ser usado em lixeiras subterrâneas no Mercado dos Peixes. A obra está sendo gerida pela Secretaria de Infraestrutura do Município.

O presidente da associação do Mercado ressalta ainda o apoio que recebem do Sebrae e da Secretaria de Turismo, com treinamentos que visam o aperfeiçoamento dos comerciantes. Já a Vigilância Sanitária oferece aos comerciantes cursos de tratamento, manipulação e conservação do pescado.

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Mercado atrai grande público, principalmente pela comodidade de compra e fritura do pescado em um mesmo espaço 

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Outro fator que atrai turistas e moradores locais é o espaço amplo e a bela vista para o mar

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Economia criativa de vendedores autônomos impulsiona consumo de mercadorias locais

SERVIÇO

Mercado dos Peixes
Avenida Beira-Mar, 3479
Domingo a domingo – das 06h às 22h
Associação do Mercado dos Peixes: 988677324 (Luzia)
Administração do Mercado Regional II: 996126666 (Pablo)

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Comprar peixe nos mercados próximos a Avenida Beira Mar de Fortaleza nunca foi uma tarefa difícil. O maior esforço a ser feito é visitar os diferentes pontos de venda buscando o melhor preço. Mas, até que esse processo seja finalizado na mesa do consumidor, a figura do pescador torna-se imprescindível. Com uma rotina diária árdua, o mar transformou-se na terra para muitos deles.


“Às três da manhã já estou de pé para iniciar mais um dia de jornada”, afirma Valmir dos Santos, 54, que vive há 32 anos dessa profissão. A experiência
adquirida com o pai ajudou bastante. Porém, pelas dificuldades para sustentar a família, os filhos não vêm seguindo mais o ofício do pai. “Das cinco pessoas que moram comigo, só um dos meus filhos é pescador. O restante trabalha em outras áreas, e eu dou força, porque nossa profissão não é fácil”.


O motor na pequena jangada e o arrumar prévio do “treco”, como são chamadas as redes para a pesca, facilitam para que o trabalho não perdure por tanto tempo. “Entro no mar enquanto ainda está escuro e volto para a terra às 9h. Por conta da idade, não trabalho mais como antigamente, faltam forças”, conclui Valmir.

Já para José Adauto, 55, morador do bairro Castelo Encantado e pescador de camarão, a rotina é mais específica. “Fico cinco dias no mar com outros quatro tripulantes. Trabalhamos das 5h até perto das 20h. Quando o mar está calmo é melhor. Já quando os ventos estão fortes, neste período atual do ano, o perigo é da embarcação virar”.


Pode ser contraditório, mas os 43 anos vividos como pescador tornam a tarefa mais difícil. “Ninguém pode negar que a experiência para sair de situações complicadas em alto mar é totalmente válida. Mas até que o corpo execute o que a mente manda, é um processo mais demorado”, analisa José. Após atracar a embarcação, o camarão é vendido aos marchantes, pessoas responsáveis por revender aos mercados o produto pescado depois de longos dias no mar.

Conhecedor de que a profissão é detentora do famoso dizer “histórias de pescador”, que muitos julgam ser fantasiosas, José reconhece a má fama que os pescadores adquiriram. “As pessoas dizem que somos mentirosos. Não adianta eu mentir: em todos esses anos vivenciei poucas coisas. Mas já vi uma baleia que chegava a ter entre 15 a 20 toneladas”, afirma.

OS JANGADEIROS E SEUS MARES DE HISTÓRIA


Conversadores, criativos, mais tímidos em alguns casos e sorridentes em outros. Além da bravura no mar, os pescadores ficaram conhecidos por outra característica: seus contos. Verdade ou mentira? Difícil responder. Mas que são curiosos, não se pode negar.

 

“Aqui mesmo na região, um jangadeiro passou cinco dias à deriva depois que a embarcação virou. Para sobreviver já estava tomando água do mar. Em todo
esse tempo, ele ficou em cima de uma tampa de uma caixa. Se alimentava dos peixes que pegava. Até que um dia, uma jangada o avistou e o trouxe de volta para a terra” declara Valmir dos Santos, 54, pescador há 32 anos.

As águas agitadas e o sol queimando na pele não são empecilhos para que as redes sejam lançadas. Do amanhecer ao anoitecer, os pescadores mantêm viva a esperança das telas cheias

A rotina dos homens que sobrevivem do mar

JANGADEIROS CEARENSES

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Comprar peixe nos mercados próximos a Avenida Beira Mar de Fortaleza nunca foi uma tarefa difícil. O maior esforço a ser feito é visitar os diferentes pontos de venda buscando o melhor preço. Mas, até que esse processo seja finalizado na mesa do consumidor, a figura do pescador torna-se imprescindível. Com uma rotina diária árdua, o mar transformou-se na terra para muitos deles.


“Às três da manhã já estou de pé para iniciar mais um dia de jornada”, afirma Valmir dos Santos, 54, que vive há 32 anos dessa profissão. A experiência
adquirida com o pai ajudou bastante. Porém, pelas dificuldades para sustentar a família, os filhos não vêm seguindo mais o ofício do pai. “Das cinco pessoas que moram comigo, só um dos meus filhos é pescador. O restante trabalha em outras áreas, e eu dou força, porque nossa profissão não é fácil”.


O motor na pequena jangada e o arrumar prévio do “treco”, como são chamadas as redes para a pesca, facilitam para que o trabalho não perdure por tanto tempo. “Entro no mar enquanto ainda está escuro e volto para a terra às 9h. Por conta da idade, não trabalho mais como antigamente, faltam forças”, conclui Valmir.

Já para José Adauto, 55, morador do bairro Castelo Encantado e pescador de camarão, a rotina é mais específica. “Fico cinco dias no mar com outros quatro tripulantes. Trabalhamos das 5h até perto das 20h. Quando o mar está calmo é melhor. Já quando os ventos estão fortes, neste período atual do ano, o perigo é da embarcação virar”.


Pode ser contraditório, mas os 43 anos vividos como pescador tornam a tarefa mais difícil. “Ninguém pode negar que a experiência para sair de situações complicadas em alto mar é totalmente válida. Mas até que o corpo execute o que a mente manda, é um processo mais demorado”, analisa José. Após atracar a embarcação, o camarão é vendido aos marchantes, pessoas responsáveis por revender aos mercados o produto pescado depois de longos dias no mar.

Conhecedor de que a profissão é detentora do famoso dizer “histórias de pescador”, que muitos julgam ser fantasiosas, José reconhece a má fama que os pescadores adquiriram. “As pessoas dizem que somos mentirosos. Não adianta eu mentir: em todos esses anos vivenciei poucas coisas. Mas já vi uma baleia que chegava a ter entre 15 a 20 toneladas”, afirma.

OS JANGADEIROS E SEUS MARES DE HISTÓRIA


Conversadores, criativos, mais tímidos em alguns casos e sorridentes em outros. Além da bravura no mar, os pescadores ficaram conhecidos por outra característica: seus contos. Verdade ou mentira? Difícil responder. Mas que são curiosos, não se pode negar.

 

“Aqui mesmo na região, um jangadeiro passou cinco dias à deriva depois que a embarcação virou. Para sobreviver já estava tomando água do mar. Em todo
esse tempo, ele ficou em cima de uma tampa de uma caixa. Se alimentava dos peixes que pegava. Até que um dia, uma jangada o avistou e o trouxe de volta para a terra” declara Valmir dos Santos, 54, pescador há 32 anos.

As águas agitadas e o sol queimando na pele não são empecilhos para que as redes sejam lançadas. Do amanhecer ao anoitecer, os pescadores mantêm viva a esperança das telas cheias

A rotina dos homens que sobrevivem do mar

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Comprar peixe nos mercados próximos a Avenida Beira Mar de Fortaleza nunca foi uma tarefa difícil. O maior esforço a ser feito é visitar os diferentes pontos de venda buscando o melhor preço. Mas, até que esse processo seja finalizado na mesa do consumidor, a figura do pescador torna-se imprescindível. Com uma rotina diária árdua, o mar transformou-se na terra para muitos deles.


“Às três da manhã já estou de pé para iniciar mais um dia de jornada”, afirma Valmir dos Santos, 54, que vive há 32 anos dessa profissão. A experiência
adquirida com o pai ajudou bastante. Porém, pelas dificuldades para sustentar a família, os filhos não vêm seguindo mais o ofício do pai. “Das cinco pessoas que moram comigo, só um dos meus filhos é pescador. O restante trabalha em outras áreas, e eu dou força, porque nossa profissão não é fácil”.


O motor na pequena jangada e o arrumar prévio do “treco”, como são chamadas as redes para a pesca, facilitam para que o trabalho não perdure por tanto tempo. “Entro no mar enquanto ainda está escuro e volto para a terra às 9h. Por conta da idade, não trabalho mais como antigamente, faltam forças”, conclui Valmir.

Já para José Adauto, 55, morador do bairro Castelo Encantado e pescador de camarão, a rotina é mais específica. “Fico cinco dias no mar com outros quatro tripulantes. Trabalhamos das 5h até perto das 20h. Quando o mar está calmo é melhor. Já quando os ventos estão fortes, neste período atual do ano, o perigo é da embarcação virar”.


Pode ser contraditório, mas os 43 anos vividos como pescador tornam a tarefa mais difícil. “Ninguém pode negar que a experiência para sair de situações complicadas em alto mar é totalmente válida. Mas até que o corpo execute o que a mente manda, é um processo mais demorado”, analisa José. Após atracar a embarcação, o camarão é vendido aos marchantes, pessoas responsáveis por revender aos mercados o produto pescado depois de longos dias no mar.

Conhecedor de que a profissão é detentora do famoso dizer “histórias de pescador”, que muitos julgam ser fantasiosas, José reconhece a má fama que os pescadores adquiriram. “As pessoas dizem que somos mentirosos. Não adianta eu mentir: em todos esses anos vivenciei poucas coisas. Mas já vi uma baleia que chegava a ter entre 15 a 20 toneladas”, afirma.

OS JANGADEIROS E SEUS MARES DE HISTÓRIA


Conversadores, criativos, mais tímidos em alguns casos e sorridentes em outros. Além da bravura no mar, os pescadores ficaram conhecidos por outra característica: seus contos. Verdade ou mentira? Difícil responder. Mas que são curiosos, não se pode negar.

 

“Aqui mesmo na região, um jangadeiro passou cinco dias à deriva depois que a embarcação virou. Para sobreviver já estava tomando água do mar. Em todo
esse tempo, ele ficou em cima de uma tampa de uma caixa. Se alimentava dos peixes que pegava. Até que um dia, uma jangada o avistou e o trouxe de volta para a terra” declara Valmir dos Santos, 54, pescador há 32 anos.

As águas agitadas e o sol queimando na pele não são empecilhos para que as redes sejam lançadas. Do amanhecer ao anoitecer, os pescadores mantêm viva a esperança das telas cheias

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Matheus Barbosa

Matheus Barbosa

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