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JANGADA DE TÁBUA

Embora a construção seja cara, lucro pode ser garantido

Se bem tratada e manuseada, embarcação pode durar de cinco a até mais que dez anos; dinheiro ganho depende da pescaria, mas renda de um dia pode ser suficiente para cobrir gastos e sustentar família

GERSON BARBOSA

5º Semestre

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Entre jangadas de tábuas e paquetes (versão menor), pescadores tentam ganhar o seu pão de cada dia (Fotos: Paulo Victor)

Duas armaduras, duas bordas, proa, cavernas para a armação, tábua e, por fim, calafeto. Alguns nomes podem parecer novos para algumas pessoas, mas essa é a estrutura para construção de uma jangada de tábua.

 

Utilizada por pescadores, a embarcação é um dos símbolos cearenses de economia criativa, dado ao fato de que o lucro pode cobrir as despesas mínimas com manutenção e render sustento de uma família.
 

Suportando até seis pessoas, a construção da jangada de tábua pode custar até R$ 30 mil, dependendo do tamanho da embarcação. Ela é geralmente feita pelo próprio pescador e o local varia, podendo ser no quintal de sua casa ou na beira do mar. O proprietário também pode pagar alguém para fazê-la.


Depois da criação, vem a manutenção e o gasto, que podem ser cobertos em um dia, segundo o presidente da Colônia dos Pescadores, Possidônio Soares Filho. “O custo pode ser alto, mas em um dia de pesca, se pode cobrir o valor gasto e ainda ter o dinheiro para sustentar a família. Isso acaba sendo relativo, dependendo do dia”, revelou ele, que é filho do primeiro construtor de uma jangada de tábua no estado do Ceará, em 1944.


O ganho em uma pescaria às vezes conta com algumas colaborações. Outros pescadores podem se juntar ao proprietário de uma embarcação e combinar de fazer seus trabalhos individualizado, mas esse acordo tem um preço. “Cada trabalhador dá 50% da sua conquista ao dono da jangada. Pescador não trabalha com patrão, trabalha com parceiro”, explica Possidônio.


Embora tenham que pagar ao dono do barco, os pescadores veem a prática de ir ao mar em grupo com bons olhos. Ao menos é o que Seu Antônio, 44, e Seu José, 51, declaram. “Geralmente vamos com amigos, então fazemos nosso dinheiro sem custo de criação, ainda que pagamos o proprietário. E sempre rola as boas risadas”, relata Antônio, atuante que tem a pescaria como profissão há 22 anos. José, seu parceiro de longa data, está no negócio há 18.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O REGISTRO DA JANGADA 

Contrato de locação da embarcação, que prove que é o dono ou locador, conta de luz, água, telefone ou gás do último mês. Além de comprovante de residência com CEP expedido nos últimos 90 dias com o nome do interessado, ou acompanhado de declaração em nome de quem constar a fatura. Esses são os documentos necessários para conseguir inscrever a jangada, segundo mostra o site da Diretoria de Porto e Costas. Eles precisam ser entregues na Capitania, Delegacia ou Agência responsável local num prazo máximo de até 60 dias da data de aquisição.


Depois da inscrição, o dono da jangada deve retornar em prazo estipulado com outras 20 documentações. Como foto da embarcação, solicitação de inscrição, RG, seguro e licença do órgão federal responsável pela pesca. São necessários ainda alguns certificados, incluindo o de segurança, que é feito com um cálculo matemático de Arqueação Bruta, ou seja, o volume interno do barco.


Depois de analisada a documentação completa, o órgão de inscrição expedirá o Título de Inscrição da Embarcação (TIE), válido por cinco anos. Além disso, o capitão dos portos, delegado ou agente poderá pedir uma inspeção antes do período de inscrição para confirmar as informações levadas.

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Para poder ir ao mar com o barco e obter seu lucro, a jangada precisa passar por inspeção da Marinha

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